sábado, 25 de abril de 2009

Verdades, enfim.

No cansaço de parecer sempre forte, sempre alegre, sempre 'muito bem, obrigada', a rendição.Pontos entregues, hoje, só hoje, por favor, me deixa quieta.'Eu não vou ficar fodida de novo pelo mesmo motivo' é o cacete, a vida é um ciclo, não é?Porque se toca uma música qualquer, mesmo que inédita, um tango, 'amado mio, love me forever', os olhos enchem de lágrimas estúpidas enquanto a platéia aplaude a grande apresentação diária do palhaço que chora nas entocas, coberto de suas lantejolas e tintas guache.Armas e escudos e sorrisos e piadas e força e tudo que uso apenas fora do meu quarto no chão, eu estou mesmo é mais fodida que puta em fim de noite.É desejar todas as noites, no escuro do quarto, pra que essa dor mate de uma só fisgada, que a manhã seguinte seja apenas um borrão de esquecimento e vazio.Não que as manhãs seguintes não sejam todas borrões de esquecimento e vazio, mas elas estão sempre tão cobertas de lembranças que o esquecimento enche o vazio de dores.E acordar dói, todos os dias.Mas ainda assim, eu insisto em fazê-lo, acordo ao som do despertador, enrolo de dor uns quarenta minutos na cama, acordo, lavo o rosto, tomo banho, visto uma roupa qualquer, como, escovo os dentes, vou para a faculdade, finjo estar na sala de aula, finjo conversar, finjo fazer piadas, finjo me divertir, finjo, finjo, finjo.'Tá tudo bem, tá tudo bem.'E eu volto pra casa, mais cedo ou mais tarde, eu volto pra casa, e quando abro a porta do quarto, a maquiagem toda some, e assumo, admito, aceito a minha dor que é só minha, que só eu sei que dói.E eu repito aquele nome que eu passo o dia evitando dizer pra não gastar com bobagens e sobrar mais pra a noite.Aquele nome sagrado que, na cama vazia, é a minha única companhia.Aquele, você sabe qual, de todo sim e todo não, o único que me toma como lava quando o digo.E quando alguma voz fora de mim e do meu quarto o diz, levo um susto, como se a consciência da existência substancial de alguém que se chame daquela forma abalasse cada célula do meu corpo.Hoje, por sinal, expus muito disso à criatura dotada desse nome que não ouso mais dizer aqui, e talvez por isso, por uma noite, eu fui real, eu ri o riso dos desesperados, que riem até doer os cantos do corpo.Essa noite eu existi enquanto ser humano e pensante, como ser em movimento, essa noite, fora de meu quarto, entre pessoas queridas, eu fui.Mesmo sem saber o que significa ser.


'Eu acho que a vida anda passando a mão em mim.A vida anda passando a mão em mim.A vida anda passando.'

2 comentários:

H. Cruz disse...

antes passar a mão do que passar a perna! puxa, minha net caiu bem na hora que eu tava mandando quase um texto como comentario pra vc..

;z
bem, não faça da sua historia um drama. não priorise a perda. é comum esse sentimento, porque realmente é dificil desapegar de algo. no entanto vc não deve abafar o que vc sente, afinal sofrer não é ser fraco. é ser, humano! vem tudo no pacote: alegria, dor, felicidade, tristeza, amor, odio..

enfim, o que eu acho, é que vc não deve pensar: acabou! mas pensar: Aconteceu! e isso por si só, já é maravilhoso.. muitas pessoas não chegam nem perto do que vc sentiu.. então, não tente esquecer que é pior, apenas não lembre como uma coisa que se terminou.. sacas?!

ps: mó auto ajuda, né?! ;z

eahuiaehaieuhaeuiheauiaehiue
=**

iILÓGICO disse...

acordar dói...
nunca tinha pensado nisto, sempre penso que dormir é um saco...

quando pensar e lembrar é um enfado. pela ausência.

bjs

cheguei aqui nem lembro como...rs...ah acho que foi pelo blog da dica...