domingo, 22 de maio de 2011

e eu queria te falar de frio, mas eu moro na zona do Equador.

quando por mais que você goste dele até entre os dedos da mão, ele simplesmente não pode te dar aquilo que você precisa e merece. quando mesmo que o seu coração fique aos farrapos e você só quer ligar e dizer que foi tudo mentira, que é tudo mentira, que você o ama e pode suportar qualquer coisa. quando você queria que tudo fosse mentira, que você pudesse suportar tudo por ele, porque ele põe mais cor no seus dias. mas você sabe toda essa força não duraria mais de uma ou duas semanas, porque ele não vai mudar, ele não quer ou não pode ou simplesmente não vai mudar. é quando você buscaria uma estrela e habitaria um novo planeta por alguém que não pode mudar a agenda por você. é quando você sabe que não é ele, é você. é você que precisa de mais do que alguém pode dar, é você que precisa de mais do que pode conquistar. e você sabe que o corpo vai apertar de saudade. mas saudade é o que tem pra essa encarnação.

sábado, 21 de maio de 2011

Dos dias.

Coma no chão da rua, coma na grama, coma na cama
ame quem não te ama,
não recuse balas oferecidas por estranhos
não dê esmola aos mendigos sem dizer obrigado
não chupe os animais,
não desobedeça aos seus instintos carnais.

[Gabriel, o pensador]

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Tua indecência não cabe mais.

[escrito em 12/05]

Da varanda observo as centenas de janelas acesas à minha frente. Janelas que se acendem e apagam independente do meu conhecimento sobre suas razões de ser e estar. Fico aqui saboreando esses ciclos vitais que conectam todos os seres humanos que passaram e passarão em minha existência. De repente as coisas já não acontecem meramente por acontecerem. De repente cada criatura tem um papel muito definido e inquestionável em cada espaço por onde circula. De repente, toda essa gestalt fica muito clara. Toda essa Gestalt que é a vida.

Viver é atemporal, é significação e ressignificação constantes, é pertencimento eterno. Repetição incansável também. Estamos parados no tempo, essa invenção engenhosa que nos mantém presos a essa concepção de vida passageira. As coisas não passam, as coisas ficam. De uma maneira muito diferente das pedras, mas ficam. Ficam ciclicamente. Ficam naquelas lembranças que vêm de algum lugar remoto, naquelas que você nem sabia que existiam. E se a vida for só uma dessas lembranças? E se estivermos presos no passado? Talvez de onde estejamos vendo tudo isso, já tenhamos consciência dos laços que todos esses acontecimentos formaram. Que a vida é rio passando por pedras e plantas, e terras até então desconhecidas, passamos e deixamos para trás para reencontrar uns grãos de passado-presente-futuro. E nós vamos minguando, deixando nossas gotículas por cada espaço onde passamos, até o fim. O fim que não é fim, já que as nossas gotículas continuam perdidas em encontramentos rio adentro. Viver é atemporal, a vida é um rio, em movimento no mesmo espaço-fluido.

[esse texto nunca vai chegar aonde chegou a minha epifania, mas é nessa trilha, mesmo que tudo isso pareçam idéias soltas e não sejam. o titulo foi porque eu comecei com a intenção de escrever sobre uma coisa e acabei mudando completamente de rumo, não quis trocar por pura teimosia, e pelo lembrete.]

PS: Não reli ainda, só vou reler depois de postar. texto cru, entendam.]

terça-feira, 10 de maio de 2011

Da resposta.

"Um ser simples.

Limite - parte ou ponto extremo; fim, termo. Talvez o Way of life que algumas pessoas escolhem seja não se preocupar, ou pelo menos, não querer se preocupar. Mas ser simples; um ser simples age naturalmente, evita naturalmente, aceita naturalmente, ri, chora, vive naturalmente; um ser simples, sabe que sente e mesmo assim não evita sentir, ele sente mais e o complexo que encanta um ser simples. Todo o demasiado todo o tempo não tem sentido pra um ser simples. Que vale ver todos os dias o lindo pôr-do-sol; pular 7 vezes na semana de paraquedas ou amar intensamente, ininterruptamente um ser não tão simples? Que valeria o pôr-do-sol sem os dias nublados? Que valeria o pulo de paraquedas sem o risco da queda? Que vale, enfim, o amor sem a inconstância?
Ser um ser simples é viver, é questionar, perquirir, ir além, e não questionar limites que é tão somente uma forma de limitar."

Da sala de espera.

Se você quer alguém que goste de você até onde convém, caia fora. Caia fora enquanto é tempo. Eu gosto inconvenientemente, sem respeitar limites e metendo o pé nas portas fechadas. Se você quer alguém que não se desmanche num beijo e não chore de saudade, alguém que não queira te exibir para as amigas, que não perca o controle e a hora, não serei esse alguém. Se é alguém que não se entregue que você quer, por favor, vá, porque eu já não ocupo mais esse lugar. Vá sem olhar para trás se é alguém bege que você quer. Sou vermelha, sou branca, sou azul-de-duas-horas-da-tarde. Se não lhe for possível abrir mão da zona de conforto de quem não tem a quem magoar, não vamos nos matar de tentar. Já não sou de gritar meus amores aos ventos. Muito menos de pedir-te para casar-se comigo. Mas não queira que eu seja mais incerta do que sou, não queira que eu não saiba o que sinto. Se não puder suportar essa minha forma, essa minha fluidez, então me corte, sorria e acene, porque meu mundo é carnaval, é incontrolável e vivo, é intenso e, mesmo exausto, incansável. Sou repetitiva, caprichosa e inadiável. Se você tem medo de ser amado grande e forte e dolorido, se você tem medo daquele preenchimento no canto esquerdo do estômago, não serei eu, vá. Vá, mas não faça muito alarde se alguém te achar um covarde.

domingo, 8 de maio de 2011

Da faixa limítrofe, na infinidade de um segundo.

Preciso ser franca esta manhã, então, perdoem o que for para perdoar do que lerem a seguir.
Preciso parar de agir como se soubesse quem sou, a verdade é que eu não faço mais idéia. E nós estamos sempre tão certos de que existimos em corpo e ação que a auto-afirmação se põe no mero sussurar das palavras "eu sou", mesmo quando não sabemos quem somos no agora (acontecência). Cheguei agora a pouco em casa, depois de uma noite inteira de gritos e pulos, depois de uma noite inteira de exorcismos. Me olhei no espelho e vi um amontoado de coisas aleatórias, sentimentos controversos, desejos desconexos, vi em mim um bagunçado de coisas que não eram minhas, e que tampouco deixavam de ser. Essa porção de conceitos e de convicções que me fez acreditar-me capaz de dissernir, joguei-a no chão, como às peças de roupa, jóias e uns tantos outros acessórios. Assim, despida de tudo aquilo que supostamente sou eu, escrevo-lhes aqui, vestida de mim. Já não tenho certeza de coisa alguma, tudo é possibilidade. Talvez por isso Descartes tenha se batido tanto para chegar a uma certeza absoluta. "Penso, logo existo". Tudo é possibilidade, tudo é relativo e toda realidade é questionável. O que torna real aquilo que alguém vê? A mera visão é argumento sem espaço. As coisas acontecem antes na vida ou em nossas mentes? [Toda realidade é realidade para uma consciência]. O que vai além é o que transborda ou o que cabe em nós? E o que vai além transborda ou cabe em nós?



[texto confuso de uma cabeça confusa]