sábado, 25 de setembro de 2010

de palavras que não bastam.

que quando você põe sua vida na balança e analisa as coisas às quais valorizou e valoriza desde que se lembra, é fácil encontrar uma linearidade apesar das mil fases e faces pelas quais passou. lançando um olhar atencioso ao estilo de vida que levei e levo, estou estampada em minhas roupas, caras e bocas, nas letras, sem falar no meu discurso sobre as mínimas coisas. é que eu nasci pela liberdade, para a liberdade. ampla, geral e irrestrita. essa que se toma por quase agressão, por anarquia, por loucura. essa liberdade de fazer o que dá na telha com quem bem se entende, de falar palavrão, de sentir vontade de trepar, de sacanear os deuses e zombar do preestabelecido. não nego que sou, como todo mundo, relacional, mas me nego desde sempre, desde que me constituí enquanto "eu", a ser escrava dessas relações. e em mim, comigo, é a mesma luta diária, que saí nesse planeta também e tenho os maus hábitos dos meus avós. sou e fui uma porção de personagens, todos eles escarnecendo a mocinha que, por conforto e cuidado, gostariam que eu fosse. sou aguda, afiada, sou isso tudo que não esperavam que eu fosse, que não esperavam que "mulher alguma" fosse. sou isso meio escroto, meio sarjeta. meio flor também, sou isso meio flor-de-lótus. que nasce dos cantos que envergonham, que expõe, peito aberto, cada chaga e cada desejo. e vivo num mundo onde ter tesão não é fétido nem vergonhoso, onde vive-se de amor, não de aceitação, vivo no mundo das minorias podres, onde as maiorias não valem mais nem menos, onde as maiorias não existem. vivo num mundo livre, não me leve a mal, vivo num mundo de Corações.

"I hope someday you'll join us and the world will be as one."

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Da fragilidade.

eu peço pra deus proteger-te.


é que, na vida a gente às vezes se torna meio objeto, meio material. material não de "apegado ao mundano", material como vidro, plástico ou tecido. a gente às vezes se torna aquilo que forma alguma coisa, não a "coisa", um pedaço da situação, essencial e incompleto, nunca ela própria. e a gente se complica na impotência do que não somos nós, mas que é de nós formado. e se fosse possível, uma ou duas vezes, simplesmente sumir daquele momento e escapar do que -por deus!- não deveria acontecer, a vida seria mais solucionável?