segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

da embolada.

De muito dizer, me faltam palavras.

"O viver é acontecência." - Darlindo Ferreira.

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Comeu meu silêncio, minha dor de cabeça, meu medo da morte.


O amor é a não-pergunta e a não-resposta que responde. É o tempo correndo rápido, os dias imensos e curtos demais. O amor é a presença inteira, desconexa, escancarada, despudorada em cada detalhe de passado-presente-futuro. O amor é a janela nova que você se deixou colocar na parede só porque deu vontade: pode ser paisagem ou suicídio, é paisagem e suicídio. É uma variedade infinita de cheiros e de ventos varrendo a casa. O amor é. É porque é. É uma coisa meio cósmica, meio organísmica, que extrapola o conhecimento e reescreve as possibilidades de ser amor. O amor é deus para muito além de "Deus é amor". É brincar de picula à beira do precipício, quanto maior, maior o gozo. O amor também é isso que você está vendo, Carlos, "hoje beija, amanhã não beija, depois de amanhã é domingo e segunda-feira ninguém sabe o que será."
O amor é a via no extremo oposto da racionalidade, é sentir-se muito antes de pensar-se vivo, é permitir-se simplesmente ir. O amor é apesar de, é apesar de si.

terça-feira, 30 de outubro de 2012

era preciso fechar os olhos pra não morrer e não se machucar.

Eu tive um sonho daqueles que fazem a gente se perguntar o que é verdade mesmo. Daqueles sonhos temáticos, mas atemporais, que te fazem acordar com o coração em chamas e lágrimas tão grossas que arranham a garganta mesmo quando não caem. Doeu como dói uma cachoeira tempo demais caindo nas costas, como uma montanha passado-presente-futuro confundidos. Pior que a vontade de gritar é desejar, mais que tudo, incondicionalmente calar-se.

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Ainda sobre Psicologia.

Acho encantadoras essas pessoas que escolhem o caminho "certo" para as suas vidas. Apontou pra a fé, remou e deu num lugar satisfatório. Abençoados, abençoados. Eu, por minha vez, apontei pra uma possibilidade, remei, avistei a fé, remei, achei que o lugar era bom, mas, aqui, meia estrada percorrida minha dúvidas intensificaram-se e minha fé-solução diluiu-se. Serei apenas eu a enxergar esse mundo de contradições, de conveniências, sobre o qual se desenvolve esse caminho? O sacerdócio deixou de ser vocação e mistério e transformou-se em ciência e técnica? A dádiva transformou-se, muitíssimo antes de presentear, em comércio. E essa sociedade em que acredito, onde as pessoas estejam abertas para dar-se umas às outras e receber o que pode ser recebido quando quer que seja não é justamente o oposto do que se propõe esse profissional que cobra por um tanto do seu tempo e da sua aceitação? E de que forma sobreviver se não dessa corrupção? Muitíssimo antes os sábios do Tibet! Como podemos nos pensar capacitados para receber o objeto mais suado de alguém, o desejo mais absurdo, o pensamento mais obscuro se sequer nos recebemos em nossas casas? Como podemos nos pôr a pensar o mundo sem sequer sabermos-nos nele, sem sequer abrirmos mão de nossas certezas e pensá-las pessoais, nunca, em qualquer hipótese, gerais? Como, se não baixamos a crista de nossos egos e sequer nos damos ao trabalho de nos conhecermos? Muitíssimo antes a psicologia dos bêbados, que não se levam a sério, que não nos levam a sério.

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Do velho mundo repetido.

De repente surge uma nova irritabilidade, uma vontade de gritar e pedir por um mundo de gentes gente ao invés desse mundo de gentes cópia. Não é de hoje não, moço, mas é que hoje tudo está maior, pode ser por causa do mar ou da prancha, podem ser os meus músculos doendo, pode ser muita coisa, mas não é nada realmente. Por falar em poder ser, é tão encantadora essa possibilidade de sermos o que quisermos, de qualquer cor, formato e em qualquer lugar, mas vejo a mim mesma (e a tanta gente) me limitando e cedendo ao senso estético que prevalece no "gueto" ao qual frequento. Não há mais chance de sairmos desse círculo vicioso em que, tentando vender nossa imagem cool, deixamos de ser o que se pode ser para ser ou parecer o que aprendemos na convivência naquele ambiente que pode ser elogiado? Quem somos nós no fundo de nós? Certamente não somos os óculos novos nem a roupa mais in, saída do brechó mais in, nem somos os batons, os cortes de cabelo, a cabeça girando de se esquecer, tudo isso que nos faz parecer muito mais com quaisquer outros do que conosco.  Ainda somos os mesmos e vivemos como os nossos pais? Já não somos nós mesmos e vivemos como se o que somos não fosse digno de compartilhamento. De que complexo de inferioridade sofremos para que nos escondamos por trás dessas tantas camadas de "influências" que parecem não mais somar-se a nós em um detalhe ou outro, mas multiplicar-nos tentando nos igualar? Somos mais, não deveríamos ser?

segunda-feira, 5 de março de 2012

Meu amor, meu bem.

Como uma folha que cai do galho mais alto e pousa suavemente sobre o solo, você pousa sempre suavemente em meu peito e fica. Passam ventos, ventanias, você me abraça forte e fica, como se o meu colo tivesse o encaixe perfeito das suas orelhas, aquecendo aquela parte antes meio morta de mim, que agora floresce maior e mais delicada a cada beijo. O que verões a fio eu achei que não fosse parar de chover, você seca com uma daquelas toalhinhas de criança com seu nome bordado em azul. E como se os séculos não bastassem, tudo com você é céu, é o que eu achei que não pudesse existir em mãos dadas, é requintado como um relicário forjado em ouro e flores sempre-vivas. Nas coisas mais cotidianas, você é a paz que eu só conhecia em sonhos e que me convenceram de que não seria possível. Fiz do seu peito a minha casa, minha cama, meu lençois, colcha de retalhos, e quando você vai, é frio nos quatro cantos do corpo, meu teto, minha rua. Seus olhos, minha cidade, meu mundo é aí, meu tudo, qualquer coisa, meu nada também.

Eu amo você, cintilando como um diamante
que nunca teve os cantos cortados.