sábado, 30 de janeiro de 2010

Do beijo.

Depois de tantas bocas, em mim e nele, nada, absolutamente, mudou. O contato das nossas peles ainda arde, como sempre fez, e aquele beijo nunca é só um beijo. É meio como sair do próprio corpo e mergulhar numa banheira de prazer pleno. Sob medida para o meu beijo, aquele beijo me fez esquecer tudo milhões e milhões de vezes em poucos segundos de respiração ofegante e lábios recheados daquele mesmo velho sentimento de completude. Ora, que bobagens. Isso não muda nada, muda? Nada muda alguma coisa, nem o sentimento, nem a decisão.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Assentimental.

Há um pouco, um resquício, um sobressalto de nós na minha falta de ar eterna. Qualquer paliativo, cá pra dentro. Entre Dramins, Lexotans, cigarros, baseados, beijos sem amor, mãos e pernas se roçando e qualquer coisa etílica que não me desça doce, eu acordo todos os dias cansada de tudo. E, todos os dias, levanto e me encho de programas maravilhosos e paetéticos* que me tocam apenas nas beiradas e que têm por único objetivo ter o carão de "i'm fucking over it". E o corpo já nem suporta, se desmonta e dói, tudo dói. E ando frígida, mas não no corpo; lá dentro é que sou uma cachoeira gelada onde as águas passam, devoram as pedras e seguem pra nunca mais. E em mim agora é só isso, eu sou só isso.



*neologismo: de paetê.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

De outro.

Ele veio assim meio como quem não quer nada, meio como quem quer tudo de uma vez só e me adorou por uns dias.Nada mais do que algumas horas de "você é linda" e uns sorrisos já quase não sentidos.Apertou meu corpo contra o seu e fugiu das minhas mãos a procurá-lo.Foi curto e marcante, admito.Diferente de tantos outros que me passaram por aqui, ele foi suave e infantil, foi doce.Mas já ninguém é mesmo capaz de fixar as garras em mim sem afundar, que sou areia movediça e assim ele não ficou.Tudo o que restou dele aqui, no fim das contas, foram duas marcas roxas no meu pescoço, uns sacos de Doritos no lixo da cozinha, o papel [ainda com filtro, mas sem tabaco] de um cigarro não fumado no chão do quarto e a quase certeza de um tempo interminável de solidão que me vem pela frente.