quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

De um email pra Camila.

"Sim, eu sou uma completa irresponsável.Ah, foda-se, eu tô feliz demais, mesmo estando em casa.Não, eu não estou apaixonada, por ninguém.E eu já tinha esquecido que essa "dor que desatina sem doer" não dói é o caralho.Doi sim.Correspondida ou não.Hoje eu sei que vou encontrar um cara sereno pra mim, sabe?Que veja a vida como eu vejo, como uma infinitude de maravilhas a serem descobertas e cheio de vontade de descobrí-las sem medo do depois.Eu sei que ele vem; mais cedo ou mais tarde.Enquanto eu espero por ele os outros caras serão só outros caras.[...]"



É bem isso hoje.É BEEEM isso.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Consumo.

Entre aqueles aplicativos do Facebook, encontrei um de frases do Caio Fernando Abreu.Fiquei estarrecida quando o trecho que saiu pra mim se encaixou ao meu corpo como se tivesse sido feito sobre ele e o penetrou.Era "Por favor, não me empurre de volta ao sem volta de mim, há muito tempo estava acostumado a apenas consumir pessoas como se consomem cigarros, a gente fuma, esmaga a ponta no cinzeiro, depois vira na privada, puxa a descarga, pronto, acabou. Desculpe mas foi só mais um engano? E quantos ainda restam na palma da minha mão? Ah, me socorre que hoje não quero fechar a porta com essa fome na boca...".É verdade que tenho consumido homens como se consomem cigarros.Olhando pra eles e os vendo descartáveis como o filtro de um cigarro já se apagando.Deito, rolo e me lambuzo, e sorrio, brinco e uso; e abuso logo, enojo logo, me livro logo.E nada fica deles em meu corpo, às vezes me passa o cheiro ou o gosto de algum deles, mas logo depois se perde e se esquece no ácido do meu estômago agora eternamente em erupção ou na falta de cheiro habitual que só depois de anos a gente descobre que era também um cheiro.Dou um jeito de fazer com que dêem o fora da minha vida antes de terem sequer entrado nela.Talvez eu esteja andando com os homens errados também, com homens-cigarros. Talvez eu é que, no fim, seja uma mulher-cigarro ou tenha me tornado uma. É que fazendo deles descartáveis, me faço assim também.E o faço conscientemente, menosprezando cada toque e palavra, igualando-os, aniquilando-os.E vou levando assim, sórdida, rindo de seus desejos e repugnando suas caras de tesão ou dúvida diante das minhas excentricidades.Vou, assim, repugnando a mim mesma e ao tesão que já não sinto; melecando-me nessa gosma meio promíscua que circunda todas essas relações dispensáveis.E nada me entristece ou me fere,tudo apenas me consome.Eu me consumo como se consomem cigarros.