domingo, 26 de julho de 2009

repetição.

quantas vezes eu já fui dormir rezando para não acordar?
já nem é mais novidade.
e tudo isso só por causa de uma ervilha embaixo do colchão.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

De dias vermelhos.

Vem me comendo pelos lados, me tomando, contorcendo, distorcendo.Vem trepando as minhas pernas, gozando as minhas mãos e lambendo os meus peitos.Vem beijando a minha nuca, puxando meu sorriso para o rosto, arrepiando as minhas costas e emaranhando os meus cabelos.Me excitando, exagerando, vem me beijando em todos os cantos e dobras do corpo.A vida veio, dessa vez já não suave, me jogando na cama, rasgando a minha roupa e me penetrando sem dó e sem parar.Ela tem enchido o meu sono de preliminares e culmina o meu tesão todos os dias, o dia inteiro, me rompendo em uma sucessão de orgasmos incansáveis que não me tremem as pernas, mas se fundem transformando todas as horas num gozo profundo."A vida anda passando a mão em mim", e não só passando.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Da cômica paixão pré-adolescente.

Passei os últimos dias me perguntando quantos anos teriam passado desde a última batida do meu coração nas mãos dessa estranha criatura que agora me toma palpitante e tranquila entre os braços.Quatro, cinco anos talvez?Nem importa tanto se agora o bater frenético no peito e o tremer das pernas tem outra explicação.Quanto terei mudado e quão diferente ele me vê agora? Impossível saber, continuo não tendo palavras para expressar-me quando ele está perto e continuo rindo, de nervoso ou de felicidade almática, até as bochechas doerem e doerem mais. E lá vou eu florindo tudo outra vez, e vendo chifre em cabeça de coelho.Verdade é que, por atrás dessa "mulher" cheia de sorrisos, piadinhas e serenidade, continua a mesma menina insegura de mãos geladas e sem saber o que dizer que fui tantas noites quando ele se punha a ferir-me com os beijos não dados que agora pego à força.As piadas dele continuam tendo a mesma acidez desconfortável de antes e eu continuo esperando pelo momento de perder a paciência que nunca chegou, nunca chega.E é tudo meio estranho, meio sem propósito e desajeitado, mas faz bem.E eu fico aqui matando tempo para que me venha mais uma dose da estranheza que ele traz.Que ele a traga inteira e aos poucos, queimando minha pele com os olhos e saltando meus pêlos com os lábios.E que ele me traga inteira do fundo do poço no qual me instalei e que me tome inteira, devagar e cínico, com os olhos de quem sabe voar e o sorriso de travessuras.

terça-feira, 7 de julho de 2009

Capão.

Depois de muito tempo sem escrever, aqui ou em qualquer lugar, volto não por inspiração, esta só voltará com o tempo, é fato.Volto aqui, para falar das poucas coisas que têm me aflingido nesses dias de retorno.Para começar, saibam que eu estive no Capão.Daí, deduzam que eu lembrei o quanto vale a pena viver.No entanto, essa volta ao lar(sim, o Capão é o que eu posso chamar de lar) me trouxe uma agonia profunda por ter de deixá-lo novamente.Guardo agora aquele velho tipo de saudade que a gente alivia, mas depois volta dilacerante.Tenho agora a sensação de que esta vida aqui é muito pouca para mim, eu quero morar no Capão.Eu quero, sim, acredite se quiser, largar toda a badalação, as festas, as dezenas de homens maravilhosos pela calma das montanhas, pelo barro, os mosquitos, os arranhões no joelho, por um homem só que eu não preciso amar de cara, mas que tope largar tudo e vir comigo para a gente se encantar.Parece a típica loucura ao modo de Doce Novembro, mas soa perfeitamente razoável agora.Descobri em mim, como a cada ida ao Capão, a capacidade de amar qualquer pessoa, apesar de quase tudo, e isso me dá a liberdade de amar um ou vinte homens, atemporalmente.
Mais uma coisa que vocês precisam saber: estou voltando a morar na minha amada Salvador.Os motivos, que não são poucos, eu não vou enumerar aqui, por já tê-los dito demais.Deixar toda a vida e a liberdade que consegui na outra margem do Velho Chico não foi uma escolha das mais fáceis, mas, dentre tantas coisas, eu não quero me acomodar, quero agarrar todas as oportunidades e, se não o fizesse agora, já não seria eu.
Mais uma aflição e que vai parecer meio exagerada ou surreal é sobre a profundidade do céu.Todo esse ar, e não só ele, tudo o que está acima...Olhar o céu agora me parece olhar para baixo à beira de um abismo, dá vertigem, como se eu pudesse cair para cima.Talvez, no fim das contas, eu possa.

No mais, eu estou feliz e eu sou, novamente, um poço de amor à vida, e a tudo o que me cerca.Essa sou eu de novo.Um tanto mais sólida, admito, e isso me frusta um tanto, mas eu vou desenrijecer(essa palavra existe?) de novo e logo, eu sei.E eu nunca mais vou passar tanto tempo longe do Capão.Não mesmo.