domingo, 31 de maio de 2009

hey, let me speak, speak, speak!

Hoje que vim aqui pra falar.E pra falar sem parar.Sem ter tempo de pensar.Enquanto o cd na lista de execução ainda existir, estarei aqui, escrevendo.Então falemos:as minhas costas doem como poucas vezes alguma coisa doeu em mim, mas eu juro que eu nem me importo.Essa noite eu dancei como em poucas vezes dancei nos últimos anos, dancei até doer e quando doeu, eu disse "ah, não baby, você não vai parar agora.MAS NEM FODENDO, GATA".Nessa noite eu ri das coisas mais mínimas como um vento que passou mais forte ou os pés muito brancos de um menino bonito no chão frio de grama molhada.A sensação que tenho agora é de que eu nunca dormi.E que eu nunca mais vou dormir, mas isso não é desesperador, é só um fato.E um fato que me consola, que não terei outra vez de deitar em minha cama e dormir sob milhares de dimensões de um mesmo castanho.E ISSO É ESCANDALOSAMENTE MARAVILHOSO!!Eu não consigo parar de me mover; simplesmente.Assim como eu não pude parar de amá-lo quando tive que fazê-lo; simplesmente.Mas que seja.Hoje tudo se move ritmicamente, da última folha à minha língua que agora banhou a mania de passear pelo aparelho no fundo dos meus dentes inferiores mais aparentes.Olho a minha cara, o meu corpo já é tão menor que eu.

E eu sou TÃO maior que o lixo do meu corpo!!


(e se você fecha o olho a menina ainda dança.)
Eu amo você, Karyna França.

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Post para Camilão.

Devo começar, obviamente, com as novidades mais quentes que me deixam radiante esta manhã: troquei o piercing e tirei o colar do pescoço.
O que isso significa? - você iria me perguntar.
Provavelmente não muita coisa, mas dá a impressão de que o mundo voltou a girar.
Na verdade, meu mundo voltou a girar, Camilão.
Eu não sei onde estou indo, muito menos por que, mas sigo andando e com prazer.
"Não estou mais interessada no que sinto, não acredito em nada além do que duvido." - Que Renato Russo esteja no que ele chamaria de paraíso.

É verdade o que eles dizem sobre ser impossível sofrer para sempre por alguém, uma hora a gente acaba vendo que, além de não valer a pena, as coisas são como são, não importa como você gostaria que fossem e muito menos quantos planos você fez.E serem como são, no fim das contas nem é tão mau.
Nós duas sabemos disso teoricamente, minha amiga, e na prática as coisas não deveriam ser tão diferentes.Mas as coisas são como são.hahahaha.
Talvez, e só talvez, sejam só umas fases mesmo necessárias para que aprendamos a nos embriagar...e a sobreviver, a rastejar para encontrar comida, a fuçar o chão para depois rir dos nossos focinhos cheio de areia.
A quantos cortes já sobrevivemos, gata?Foram muitos, muitos.
E aprenderemos, disso estou certa, e riremos porque, repare bem, nós é que somos as mulheres aqui, pondo na balança, nós estamos sempre acima.E pouco me importa a Antropologia que tenho estudado e que os conceitos de feminino e masculino sejam construídos, no fim das contas, são as mulheres que importam.
Então, levantemos nossos rostos, empinemos os narizes e sigamos para a felicidade, quem quiser ficar para trás que fique, a gente vai dançar.


E, nessas férias, a gente não vai parar nem por um segundo.
Amo você, Camila Souza.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Diabos, eu te amo!

Não sei do que ainda me toma todos os dias e que alimenta este maldito parasita que trago em meu peito.Antes tivesse minha alma vendido a Satã para tê-lo ou esquecê-lo de vez.Verdade é que já não tenho escrúpulos, prazeres ou boas maneiras, e que a permanência desta criatura pulsante toma mais espaço em meu corpo a cada dia.Já não há segredos do quanto sua vida é melhor sem mim, nem nada se esconde do quanto ela não tem sentido nem graça enquanto não me tem.Já não podendo ser inteira, a parte de mim que vaga nem é mais capaz de simular contentamento.Torno-me diariamente uma pedra de resignação que, conhecendo as cores de Almodóvar, adota as de Tim Burton.Tantas vezes tive chances de atirar-me de montanhas e pontes sem a menor chance de sobreviver e não as agarrei.Gostaria agora de saber o gosto que teria a água no fundo daquele rio suiço ou se eu também viraria fumaça pulando da cachoeira na qual só estive por três vezes, mas que por tantos anos de minha vida adorei e em cujo abismo sem fim mergulhei trazendo sempre do fundo o que havia de melhor em mim.

Sinto falta do cheiro de terra nova e da sensação de ter todos os ancestrais à minha volta sorrindo e entoando os cantos de uma Natureza sagrada.Sinto falta das flores, não de vê-las, estão por toda parte, mas de ser parte delas e de sentí-las como parte de mim.Sinto falta de ser uma árvore e de correr pelo mundo como um felino brincalhão.Sinto falta da paz, e harmonia se tornou uma palavra tão distante quanto me foi natural um dia.Sinto falta do equilíbrio.Sinto falta de mim, da umidez do ar, das minhas folhas verdes, da minha alma.Mas, mais que tudo, mais que de mim, sinto falta do Capão, como se me faltasse o fôlego.

Tenho vivido de excessos, não nego.Da felicidade ao sofrimento, incluindo álcool e cigarros, tudo tem sido excessivo.Talvez porque o excesso tenha um quê de preenchimento que eu tenha tornado necessário à medida que a memória e o efeito das montanhas diamantinas se foram desgastando.De excessivo nesses dias o que assumi foram a apatia e a incompletude.Sobre o amor, eu já nem comento, sabe-se que, se dele não morrer, nada mais me matará.Na verdade, comentarei sim, um pouco à frente, em seu devido lugar e tempo.

A maior parte do tempo, sinto como se não estivesse em mim, como se estivesse inconscientemente empurrando a vida com a barriga.Deixo que os dias passem por mim sem me afetarem, como se em nada pudessem me acrescentar.Deixo, não, FAÇO com que eles passem por mim da forma mais rápida e indolor possível, já que se alguma folha das que me restaram balançar agora, tenho a sensação de que cairei inteira.Corram, dias, corram.


Finalmente, de amor.
Vejo aquele castanho frio todas as noites quando o cansaço me toma e preciso dormir; quanto a isso, passo os dias num misto de desejo e medo, torcendo para que a noite chegue e rezando para que não venha, porque aqueles olhos são a minha única forma de vida e são a minha morte.Apego-me a todo e qualquer sinal de que haja ainda nele qualquer forma de pensar em mim e disso depende a minha vida.Tenho por ele alguma forma de carinho que ultrapassa a mágoa e a morte.Aprendi com ele a diferença entre a divindade do amor e as bobagens de paixão e desejo.E nem dessas banalidades de querer chego perto por outro alguém, estou no fundo daquele meu poço de líquido vermelho e borbulhante esperando qualquer coisa que me traga de volta à superfície.Lembro ainda dos cheiros que têm todos os cantos do seu corpo, do gosto e da textura deles.Lembro de cada cravo que espremi e dos que deixei lá e que talvez ainda me esperem, lembro de cada curva muscular, de cada expressão facial, de cada tom de voz, de todas as formas de riso, de quando não sabe o que fazer ou dizer, do brilho de paixão nos olhos, dos sussurros, do 'eu não quero deixar você ir', do tom da pele.Penso nele até o limite da loucura, se não já o ultrapassei sem perceber.E esses pensamentos me tomam com uma ternura da qual eu jamais imaginei que fosse capaz.E se, ao menos, ele soubesse o que eu sei sobre nós...Mas ele não sabe.Ele não viu o Farol da Barra às onze da manhã, não olhou pra baixo na Cachoeira da Fumaça, ele não viu a orla de Petrolina depois de virar a noite vivendo de amor, ele não viu o que eu vi em seus olhos nem ouviu o tremor da sua voz.Ele já viu muitas coisas e lugares e muitas das coisas e lugares mais importantes que vi, foi ele que me mostrou, mas pra ele passou batido, por isso até hoje ele não sabe.Um dia, talvez, no lugar mais idiota, ele perceba, mas quanto tempo será que isso vai tomar?Até lá, ele não vai entender nada do que eu diga, por isso eu não vou dizer até o limite do suportável.E quando eu explodir num "DIABOS, EU TE AMO!", que ele 'me perdoe, eu não sei o que faço', eu não aguentei.

Je t'aime tellement, pardon, je ne peux pas plus.Pardon, pardon...

"-Por que traiu seu próprio coração, Catherine?Você me amava.Então, que direito tinha de abandonar-me?A pobre fantasia que sentiu por Linton.Nada que Deus ou Satã nos impusessem, iria nos separar.Você, por vontade própria fez isso.Não parti seu coração, Cathy.Você o traiu e partindo-o, partiu o meu.
-Se assim fiz...estou morrendo por isso.Você também me deixou.Mas eu o perdôo.Perdoe-me.
[...]
-Sim, eu perdôo o que você fez comigo.Vou adorar minha morte, mas a sua...como poderei?"
Em O Morro dos Ventos Uivantes(filme).

terça-feira, 19 de maio de 2009

do coração.

eu só tenho andado muito cansada, se é que você me entende.
eu só tenho andado arrastando a bigorna que pulsa no meu peito.
eu só quero dormir e não sonhar.
eu só quero ter paciência, e logo eu, que sempre fui tão paciente.
eu só quero ter um pouco de paciência, comigo e com o mundo.

mas
eu só tenho andado muito cansada.
eu só tenho andado muito.
eu só tenho andado.
eu só tenho
eu só
eu.

eu tenho andado só.

domingo, 17 de maio de 2009

Everything about Betty Boop.

"-Pela primeira vez, eu te vi como mulher.
-E que mulherão!"

Vestido, maquiagem, salto alto, enfim, são as coisas nas quais os homens nunca reparam.Nunca reparam, ouviram bem?Não reparam ao ponto de uma mulher ser um ser assexuado sem eles.Não é uma questão de alternativismo, de querer mostrar o que sou, de querer ir contra o sistema, não, não é nada disso.É só que tem tanta, TANTA, coisa que está além disso que pessoas como eu acabam mandando o consenso procurar a sua turma e se perdem de tal ponto em si mesmas que tudo isso é jogado para segundo plano, assim como acontece às funções naturais, progressivamente durante o processo civilizatório(por favor, alguém me salve da Antropologia).Parece que está todo mundo, o tempo todo, tentando tanto negar o modismo que negá-lo virou modinha.Mas isso não tem nada a ver com o que eu queria falar, tem sido difícil manter a linha de raciocínio sem esforço, há uma sobrecarga tão grande de informações em mim que para escrever essa última frase, tive que apagar umas dez palavras pois elas não tinham nada com o que eu estava tentando dizer.Enfim, isso não importa agora.Tá, eu nem sei mesmo o que importa agora, mas provavelmente não é isso.Eu não vou entrar no quesito máscaras mais uma vez, eu já bati isso tanto em mim, durante tantos anos, que tudo o que eu diga me soará repetitivo e óbvio.Talvez não, mas o dia já raiou e ainda tem álcool no meu sangue(e muito!).

Eu juro que ia continuar o texto, mas precisei sair para pegar uma copo d'água e acabei me envolvendo numas conversas perigosas, enfim, fim de texto.Sem conteúdo, sem finalização, sem.Gostaria de, entre pensamentos, conservar algo em mim, mas nada fica.Tudo corre como uma boiada pisoteando o que está entre mim e o mundo.Enfim, nada deixa de ser, de qualquer forma.

Eu não sei mais do que estou falando.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Eu já não sou tão livre assim.

Tenho arrastado os dias na inconstância de momentos que oscilam da dor mais profunda à indiferença mais desdenhosa.De constante fica só a impaciência e a sensação de "o que é mesmo que se passa?", estou entupida, até a boca, de insetos interiores.Me arrependo antecipadamente de todos os dias desejar que as horas passem o mais rápido possível para que chegue logo o tempo de alguma coisa que não seja o que é agora.Tenho fome de futuro, de um futuro que nem sei o que desejo que seja, só desejo que chegue, logo, e que seja futuro.A verdade mais pura é que me perdi de mim, já não sei onde ir, o que fazer, com quem andar e -olha que pouco usual!tsc, tsc. - já não sei quem sou.Mais verdade ainda que a verdade mais pura, não tenho a mínima força pra procurar-me mais uma vez, eu, se quiser, que volte pra mim, vou ficar exatamente aqui, sendo arrastada pela correnteza do São Francisco, ao menos até recuperar o fôlego.O que martelou a manhã inteira na minha cabeça foi "como foi que me tornei tão quadrada?".Daí me vem toda uma discussão sobre papéis, atores e essa eterna palhaçada de convivência e o meu raciocínio simplesmente sobrecarrega a ponto de não mais sair do lugar, de nem conseguir juntar as palavras para formar uma espécie de comunicação qualquer; curto-circuito.A questão é que se a alma interior, assim como a exterior, é construída, talvez ela nem exista de fato, talvez seja tudo alma exterior e a idéia da existência de uma alma interior faça parte dos artefatos que formam a própria alma(exterior).Apesar de formular esse raciocínio, estou num redemoinho tão grande de flacidez e inércia mentais que mal consigo pensá-lo profundamente.é como se todos os pensamentos boiassem sobre as minhas águas e nada os trouxesse abaixo, ao fundo, é como se nada atingisse o consciente, que agora permanece sólido, impermeável e não-maleável.E eu me tornei a própria exaustão física, mental e, principalmente, emocional.De tal modo que, se dormisse durante três dias inteiros, acordaria ainda cansada e com sono.Talvez não pensar por um tempo seja uma boa forma de começar(e de matar o tempo enquanto o futuro não chega), por isso aluguei a primeira temporada de Friend's.Nunca, em toda a minha vida, que não foi tão longa assim, apesar de eu parecer uma velha falando, estive tão inerte.Mas hoje, só hoje, talvez amanhã e por mais uma semana, me permito permanecer, sem crescer ou regredir, simplesmente ficar, barco sem porto, sem rumo, sem mapa.Barco que nem ao menos se sabe barco.



(não reli o texto, então ignorem os erros, as frases mal formuladas, etc...)

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Insônia eterna de uma mente cheia de lembranças.

Não sei o que me faz rolar de um lado a outro da cama sem tirar do travesseiro aquele "eu te amo" vazado.Não é só a retribuição do amor ou a amadurecência daquela velha dor incólume.Não é a noite, agora fria não pela ausência, mas pelo ar de desistência que entra pela janela, nem a cama amontoada da tralha, único amparo, minha única amiga das madrugadas difíceis(e quais não o são?).Talvez seja a iminente falência do sistema de sobrevivência que criei: transferência.Um misto de felicidade e cansaço, esperança e resignação.Afinal, que merda é essa de "eu te amo" no meio da noite?Que merda é essa de "eu te amo"?O que me faz rolar na cama talvez seja o fedor da merda com a qual pintei-me para enganar os sentidos colocando nos vazios dos lados do meu corpo um vazio ainda maior, mas que, de quente, parecia encher o tempo e a cabeça.Nada!Tudo faz parte dessa eterna procura por paliativos, mas viver de paliativos não satisfaz mais.Então por que não gritar?Expandir, surtar, por que não?Como ficar aqui, esperando vidas e vidas, pacientemente inativa e imóvel?Esperarei, isso é um fato.Mas me permita sair de mim e transitar entre o que é meu e o mundo, me permita atravessar o espelho para encontrar o meu benzinho no nosso lugar secreto de vez em quando e que lá, ao menos, ele me beije sem pudor e sem razão tantas vezes quantas aguentar a minha boca.Espero, lá no espelho.


Meet me in Montauk, sunshine, meet me in Montauk.