sexta-feira, 17 de abril de 2009

Ladainha mórbida 2.

Abrir a porta desse apartamento vazio foi como abrir um baú de lembranças há muito esquecidas.Na cozinha ainda está o cheiro daqueles telefonemas regados a um amor borbulhante e adolescente.A casa inteira está coberta da sua imagem, das minhas ilusões de beijos ardentes e incansáveis no sofá.Tem migalhas de pão do seu amor escondidas embaixo dos tapetes que aqui não participam da cena.Tem flashs do meu sorriso de felicidade plena e suspirante nas paredes.Tem o cheiro do nosso amor esse apartamento.Cada pedaço dele, do amor, está aqui.Foi onde ele se guardou, se escondeu, e só eu o encontro agora.Tem você deitado na cama ao meu lado, onde você jamais esteve que não em meus pensamentos diários.Tem meu coração batendo forte na expectativa da ligação que eu faria dalí a quinze minutos.Tem meu coração na boca quando você, de repente, dava um jeito de me ligar pra dizer que não aguentava mais de saudade.Mas o pior, o pior mesmo é o cheiro.Está em tudo.Talvez porque nos dias de chuva, como hoje, era quando o amor parecia uma flor imensa de lava saciando meu peito do alimento que você me dava.Eu estou aqui, coberta do seu amor mais uma vez, provavelmente pela última, já que ele se foi.E eu preferia não mais sentir o cheiro desse monstro que veio, me tomou como se toma a uma vadia e foi embora como chegou, de supetão, cuspindo em tudo, arrombando minhas portas, xingando meu peito e me deixando como me encontrou; sem luz.

Um comentário:

H. Cruz disse...

"O amor é uma espécie de preconceito. A gente ama o que precisa, ama o que faz sentir bem, ama o que é conveniente. Como pode dizer que ama uma pessoa quando há dez mil outras no mundo que você amaria mais se conhecesse? Mas a gente nunca conhece."

O pior do Bukowski, é que ele é extremamente realista. :/


queria ter achado seu blog antes, pra ter comentado em outros post's.

adorei seu blog.
=*