segunda-feira, 8 de setembro de 2008

No caminho pra casa.

É uma mania escrota essa de cantar alto no caminho pra casa.
Algumas pessoas acham que estou falando com elas, outras levam sustos, é engraçado.
Vinha eu cantando Realize de Colbie Caillat (a música do fim do último post) e atravessando a ponte do esgoto, aquela do Costa Azul.
Vi flores amarelas.Sim, sim, tão perto do esgoto havia flores amarelas.
Intensamente amarelas, daquele amarelo feliz...
Apesar do fedor, da sujeira, apesar de tudo, as flores eram amarelo-feliz.
Lembro-me agora de uma versão de Djavan da música do Chaplin e talvez, então, entenda e ame ainda mais as flores.
"Sorri quando a dor te torturar/E a saudade atormentar/Os teus dias tristonhos vazios/Sorri quando tudo terminar/Quando nada mais restar/Do teu sonho encantador/Sorri quando o sol perder a luz/E sentires uma cruz/Nos teus ombros cansados doridos/Sorri vai mentindo a sua dor/E ao notar que tu sorris/Todo mundo irá supor/Que és feliz."
Segui o meu caminho em silêncio, pensando ainda nas flores.
Havia muitos casais na praça hoje.Muitos casais sorridentes, carinhosos, muitos casais casais.
Senti por todos eles uma ternura indescritível, uma vontade de parar o tempo por eles e preservá-los para sempre, preservar sua felicidade...
Continuei andando, havia um sorriso no meu rosto, um sorriso de ponta a ponta.
Lá na frente vi um garotinho.Devia ter uns três, quatro anos, a pele de um tom achocolatado dava uma baita vontade de morder.
Ele dava uma estrelinha(é, aquilo de ficar de cabeça pra baixo, você sabe), uma não.Uma, duas, três, até conseguir fazer direito, depois saiu correndo com um puta sorrisão que me fez gargalhar no meio da rua.Era aquele filho que a gente sonhava ter, aquele no qual ele pensava ontem.
Dentro de cinco minutos eu estaria em casa, mas o céu estava lindo.
Lindo, nublado e azul.Impossível?Não, basta um pouco de criatividade.
As nuvens se estendiam por todo o céu, mas eram como retalhos, havia espaços entre elas.Espaços azuis.Muito, muito lindo.(por sinal, retalhos me lembram a colcha de retalhos de alguém..=/)
Quando terminei de elaborar toda a minha teoria sobre as núvens, olhei pra o mar.E o mar aquece alguma coisa no meu seio, no direito, meu ombro direito doía do peso.
Mergulhei no mar por um instante e atravessei a rua sem olhar pra os lados, o que quase me custou a vida.
Bem, foi só mais uma volta pra casa como todas as outras...
(e uma nunca é igual a outra.)

Um comentário:

Carol disse...

É a poesia Dona Bah que está voltando. Fico feliz por isso