Não sei o que me faz rolar de um lado a outro da cama sem tirar do travesseiro aquele "eu te amo" vazado.Não é só a retribuição do amor ou a amadurecência daquela velha dor incólume.Não é a noite, agora fria não pela ausência, mas pelo ar de desistência que entra pela janela, nem a cama amontoada da tralha, único amparo, minha única amiga das madrugadas difíceis(e quais não o são?).Talvez seja a iminente falência do sistema de sobrevivência que criei: transferência.Um misto de felicidade e cansaço, esperança e resignação.Afinal, que merda é essa de "eu te amo" no meio da noite?Que merda é essa de "eu te amo"?O que me faz rolar na cama talvez seja o fedor da merda com a qual pintei-me para enganar os sentidos colocando nos vazios dos lados do meu corpo um vazio ainda maior, mas que, de quente, parecia encher o tempo e a cabeça.Nada!Tudo faz parte dessa eterna procura por paliativos, mas viver de paliativos não satisfaz mais.Então por que não gritar?Expandir, surtar, por que não?Como ficar aqui, esperando vidas e vidas, pacientemente inativa e imóvel?Esperarei, isso é um fato.Mas me permita sair de mim e transitar entre o que é meu e o mundo, me permita atravessar o espelho para encontrar o meu benzinho no nosso lugar secreto de vez em quando e que lá, ao menos, ele me beije sem pudor e sem razão tantas vezes quantas aguentar a minha boca.Espero, lá no espelho.
Meet me in Montauk, sunshine, meet me in Montauk.
2 comentários:
Alguns "Eu te amo" são terrivelmente devastadores. Inibem o sono, cessa a fome, da asas aos pensamentos..
Mas, também em alguns casos, podem não ser sinceros. POdem ser só um meio para conquistar o outro superficialmente.
Por isso prefiro não ouvir, não dizer. Só em raras ocasiões. Afinal, eu te amo não precisa ser dito somente por palavras. Os atos estão ai pra isso.
Beijo, menina de cachinhos.
ainda assim, amar é a melhor lembrança que eu guardo. tão antiga, que parece que apenas a li em algum livreto.
3 anos se passaram rapido. ou lentos demais para que nos dessimos conta, de que é tarde demais pra nós dois. desculpa.
me empolguei pensando em alguem, que vai se casar. e não écomigo
:')
adorei o texto. meio confuso, mas profundo. como são os sentimentos sobre os quais não temos controle..
aff.. sempre falo demais..
beijos.
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