sábado, 3 de outubro de 2020

Don't call my name

 E teve aquele amor, aquele que era tudo. Que me olhava por alguns momentos e parava o tempo pra me dizer que eu era linda. Teve esse, esse que nunca foi, mas que tanto foi, esse que deixei partir de tanto medo, e que quando voltei já não era meu. Esse que me fazia sentir única, ainda que não fosse, que enchia o peito com a mera presença. Ele chegava em seu cavalo branco e toda a existência sorria em flor por avistar aquela cor laranja, tão laranja, dos seus pêlos, que tomava o mundo inteiro. Teve esse grande amor que eu não vivi e que nunca deixei de viver. Ele era tudo o que sonhei, todo detalhe, cada pinta, cada sarda, tanto brilho. Ainda choro vendo-o feliz no amor que encontrou, parece que ela é tudo. 

Eu? Eu sou a falta. A fantasia do que não suportei viver. O arrependimento de quem voltou onde não lhe cabia porque o que o que tinha nas mãos era tão precioso que só podia fugir. Ele nunca vai saber, e vai sempre me ver como mais uma das mulheres que passou por sua vida, se é que sou uma das mulheres que passou por sua vida. Sem grandes atributos. Ele será sempre o que deixei escapar por entre os dedos.

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