segunda-feira, 26 de outubro de 2020

"Se eu morrer, não chore não, é só a Lua"

Dias de desabrochar e dias de cair ao chão. Hoje eu gostaria de falar da beleza da vida, mas o dia está nublado e eu amanheci chovendo. Estou cansada. Me sentindo o máximo em flor: exuberante, talentosa, divertida, inteligente, agradável, etc, etc, estou cansada. Hora de cair do galho. Hoje eu só quero ser chata e entediante e sem energia. Hoje não tenho energia. Só quero olhar o céu, ouvir umas músicas tristes repetidamente e fazer um silêncio tão profundo que o mundo inteiro ouça. Mas sou tão chata, tão chata, que escrevo. E coloco palavras no mundo pra romper o meu silêncio. Os ciclos lunares são assim, nunca se sabe o que vem, mas sempre sabemos que vem. É de se abrir em flor pra esperar a morte e renascer miúda pra ser flor e morrer de novo. De novo, e de novo, e de novo. Falamos sempre da beleza disso, quando falaremos da chatice? Quantas mortes vive uma mulher? Quantas vidas? De quantas vidas morre uma mulher? Inspiro pesadamente, morrer tanto cansa. Aguardo ansiosa para renascer.


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