quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

N O W H E R E.

Como um estrangeiro em casa de ninguém, transito entre os mundos mais imateriais da realidade que não me engole, mas me cerca. Como o ser etéreo dos sonhos indecifráveis nas noites quentes de lençóis frios e incompletos, sabe-se lá de onde venho, sabe-se lá para onde vou ao fim da noite. Que dia e noite confundo e já não sei o que é fala ou o que é distorção. Sendo essa criatura que só se encaixa em sonho, sigo esses caminhos sem nortes, bailando suavemente com a solidão e indo à sacada para fumar um cigarro quando ela me cansa os ombros. Repassando a lembrança do único momento no qual pareci fazer sentido, passo os dias vagando na tentativa de descobrir onde, quando, por que fui perder o fio prateado do sonho. É que quando pareci fazer sentido, eu não era só um charuto, era qualquer coisa de intermédio que por um olhar viraria cigarro ou elefante. Mas o sonho me quis piteira, e piteira não me era possível ser, sou de gasto. E nessa inutilidade, meu sonho me fumou.


Sugestão: Antífona - Cruz e Sousa

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