segunda-feira, 19 de julho de 2010
Da fome.
Não vou perder nossos tempos aqui falando de infelicidades e desesperos, nem vou dizer que tudo permanece incompleto, dizê-lo nada mudaria. Vou lhes contar de minha fome, minha eterna fome. Mais de um ano se passou desde a última refeição satisfatória, desde que comi e fui comida com as mãos, os olhos, boca e tudo mais, desde que meu coração deu aquele tipo de batida, você sabe do que eu estou falando. Estou faminta, não nego. Mas minha vontade de comer perdeu-se nas tentativas desesperadas de encontrar o que me apetecesse por um ano e tanto. A fome transforma-se em enjôo e melancolia quando se prolonga demasiadamente. E andei entupindo -me de balas de leite e chicletes rezando que saciassem tal necessidade emocional, mas isso me abriu um buraco negro no peito. E agora o meu coração só suga e tudo o que chega perto de tocá-lo se perde pra sempre. E meu peito continua faminto dessa fome que não mata nem deixa viver.
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