domingo, 6 de junho de 2010

Ao menino dos olhos de travesseiro.

Eu diria "oi, casa comigo?" e você riria sem graça, achando que eu era só uma chapada qualquer que encarnou em você. Você diria "hã?" com aquela cara de "alguém me tire daqui" que eu não conheço, mas consigo imaginar perfeitamente. Eu diria "poxa, seria legal casar com você", ignorando a sua cara e a resposta e rindo freneticamente. Você teria ainda mais certeza de que uma chapada encarnou em você. Talvez não, talvez você tentasse me explicar que não dá pra casar assim com alguém que você não conhece e que simplesmente te fez essa proposta. No fim das contas, nos vejo rindo, largados em algum canto com base de pedra como duas crianças travessas. Não, não cogito a possibilidade de você sair anadando como se eu não existisse. Veja bem, meu menino, as coisas nem são tão somente essas explosões de cores e faíscas de estrela que eram na noite passada. Todas as cenas que a minha percepção alterada realizou com você existem então para mim neste e noutro plano. Que quando, por um instante, meus olhos deitaram-se sobre os seus, entrelacei minha vida na tua e fiz delas colcha de retalhos dos tons mais vibrantes que a visão possa alcançar, tons como aquele seu rubor, sabe-se lá por que motivo, e esse azul que ficapulsando na minha cabeça. E costurei em mim, noites e noites nas mais diversas dimensões, as tuas mãos e a tua boca. Como num caleidoscópio de mãos e pernas e braços e bocas, nos multipliquei infinitamente, passado, presente, futuro com o você que eu criei deitada nos seus olhos por uma fração de segundos.

Então, pra não dizer "oi, casa comigo?" eu posso fingir que quero menos e pedir seu msn?

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