domingo, 7 de março de 2010

06/03/10

Ao som de Hardneja Sertacore numa cozinha que é minha, mas não é minha, desculpe, mas eu vou chorar.Tudo faz parte de um exercício de sobrevivência absurdo que não se parece exatamente com uma forma de vida.Sou, aqui, uma peça descontraída e pontiaguda demais pra me encaixar nessa cidade quebra-cabeças.Cercada de pessoas absolutamente diferentes aqui, sou igual demais.Nada me diferencia de todos os rostos felizes ou frustrados, sou toda feições e sabores dispensáveis.Meus sentimentos já não são poderosos e minha vontades podem esperar, fiquei coracionalmente pobre.

2 comentários:

Carol disse...

Seus saberes nunca são dispensáveis.E nem você é somente mais uma peça.
Saudades ...

H. Cruz disse...

A perplexidade do moço diante de certas considerações tão ingênuas, a mesma perplexidade que um dia senti. Depois, com o passar do tempo, a metamorfose na maquinazinha social azeitada pelo hábito de rir sem vontade, de falar sem vontade, de chorar sem vontade, de falar sem vontade, de fazer amor sem vontade... O homem adaptável, ideal. Quanto mais for se apoltronando, mais há de convir aos outros, tão cômodo, tão portátil. Comunicação total, mimetismo: entra numa sala azul, fica azul, numa vermelha vermelho. Um dia se olha no espelho, de que cor eu sou? Tarde demais para sair pela porta afora.

-Lygia Fagundes Telles
seu texto me fez lembrar.