domingo, 14 de dezembro de 2014

O coração amarelo.

Quando perderam-se as palavras em minha garganta, que já não encontro sequer grunhido que não os gemidos de dormir? Sucessão de horas intermináveis, em que não toca o telefone ou o interfone, horas de nada seguido de nada temperadas com pitadas de cortes profundos na linha direita do meu trapézio. Que interrompa o silêncio um xingamento ou uma jura de amor, que alguma cor se dispa frente a mim, que meus vermelhos perderam o fôlego, ou a esperança. Que se interrompa em mim essa imensidão de células pulsando por sua voz de oxigênio ou que irrompa de dor até a morte o meu sangue entrecortado de desejos e saudades implodidas. Com que coragem você pode falar de amor, se desse amor escolheu a falta? De todas as escolhas, logo essa que é só areia descendo ampulheta abaixo e afundando toda possibilidade de nós?Algum dia fomos além de eu e você no seu amor? Algum dia fomos nós?

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