quarta-feira, 12 de maio de 2010

Hoje não, por favor.

Estava aqui pensando no que ia escrever aqui, pensando em amor, de repente, saiu pra um amigo meu no Facebook, naquele mesmo aplicativo o seguinte trecho de Caio Fernando.

"Ah, fumarás demais, beberás em excesso, aborrecerás todos os amigos com tuas histórias desesperadas, noites e noites a fio permanecerás insone, a fantasia desenfreada e o sexo em brasa, dormirás dias adentro, noites afora, faltarás ao trabalho, escreverás... cartas que não serão nunca enviadas, consultarás búzios, números, cartas e astros, pensarás em fugas e suicídios em cada minuto de cada novo dia, chorarás desamparado atravessando madrugadas em tua cama vazia, não consegurás sorrir nem caminhar alheio pelas ruas sem descobrires em algum jeito alheio o jeito exato dele, em algum cheiro estranho o cheiro preciso dele..."



Eu não sei se vou parecer, mais uma vez, excessiva e idiota, mas vamos lá.

Você já amou alguém tanto, tanto que o tempo parece não existir e cada palavra parece um novo encantamento daqueles de início de namoro quando tudo são flores, amores e blábláblás? Você já amou alguém tanto, tanto que poderia correr por horas a fio se canalizasse esse amor para as pernas? Você já amou alguém tanto, tanto que o seu colchão ortopédico parece duro demais e o friozinho do seu travesseiro de penas de ganso congela os seus dedos? Você já doeu de saudade varrendo a casa e lembrando das broncas de sujeiras embaixo do tapete? E já se desesperou pensando no que vai acontecer quando acabarem as bobagens pra encher a cabeça e você tiver que sentir essa falta de novo? Você já foi fiel a um sentimento ao ponto de perceber, anos depois, que nunca mais conseguiu se imaginar na cama com alguém já que esse alguém nunca mais seria ele(a)? Você já quis sair andando e nunca parar? Talvez, e só talvez, você fosse parar onde gostaria de estar. E talvez você devesse estar onde gostaria de estar, porque amanhã...amanhã nunca se sabe. Amanhã pode não existir mais o seu lugar. Ou o caminho até ele pode ter se perdido. Daí pra onde você vai? Daí...pra onde eu vou? Ai, faz o que você quiser, mas hoje, por favor, só hoje, não me deixa dormir com esse vazio borbulhando no peito.

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