sábado, 13 de junho de 2009

'if she loves you, let her go.'

See, how can someone be so stupid?

Haverá, pelos céus, alguém que, em plenas faculdades mentais, possa recusar amor como o que lhe devoto?
Que recuse o bem que lhe quero, que, de tanto querê-lo contorce a alma inteira em busca do que se encaixa nele para fazê-lo feliz?
Alguém que, diante das evidências de ter encontrado aquela que, entre todas, foi-lhe destinada pelos deuses, a despreze?
Entre todos os homens, destinaram-me aquele que prefere cercar-se de passagens a aceitar minha estadia.
Devo ter por vidas inteiras cedido meu corpo a caprichos mórbidos enquanto minha alma gêmea corria pelo mundo à minha procura.
Agora que que me encontra e percebe o que de nós andei fazendo nos últimos séculos, rejeita-me com toda razão.
Por quantas vidas ainda terei que esperar para que, enfim, a felicidade nos braços dele seja minha também?
-Ora, quanta tolice! - dirão os mais velhos - há ainda de apaixonar-se incontáveis vezes e desposar alguém que lhe seja realmente merecido.Não, não chore, criança, ele é só o primeiro de muitos.
Deixar-me ir, não significa, em absoluto, deixar-me livre.Pelo contrário, é condenar-me a uma vida à sombra da felicidade que tive, à espera da felicidade que só terei noutra encarnação.Por tanto tempo me procurou para entregar-me aquela flor e, quando avistei, depois de tanto, nele a árvore branca pela qual sempre esperei, me pede para ir.Vou, que opção me resta?A eternidade de pessoas banais e relações vazias me espera, não é isso que me deseja?Não, eu não acredito que você possa imaginar que haverá para mim ou para você outra pessoa, o que você faz é nos condenar ao resto da vida na solidão.E, sendo essa a sua sentença, cumprirei.
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P.S.:'love only gets you down' é meu ovo.Você pode ter esquecido o seu sorriso e o brilho nos seus olhos, você pode ter esquecido o tom da sua voz enquanto dizia aquele último 'eu te amo', você pode ter esquecido o diabo que for, mas eu não.Eu não esqueço o som da sua risada sem graça, o branco dos seus dentes e a doçura na sua voz, não, eu não esqueço a cara linda que você faz toda vez que finge que não quer me beijar mordendo o lábio de vontade, eu simplesmente não esqueço.Não me vem com essa de 'love only gets me down' porque você SABE o quanto fica feliz comigo.Então, presta atenção, não adianta ficar nessa de 'é bem melhor sem se apegar' porque só é bom no começo.Eu ainda posso ser o que você chama de lar, e você vai precisar de um, uma hora.E, meu bem, você vai me odiar ao ler isso, mas os seus amigos que só são amigos quando você é domínio deles(pois você sabe que esses são os seus amigos), não vão lavar as suas cuecas e colocar as crianças para dormir, eles vão casar e ter ser próprios filhos, não importa o quanto você precise deles, e quer saber, você pode achar que seus pares fazem muito mal a eles, mas, diferentes de você, eles não vão se importar com uma palavra do que você diga.No fim das contas, você vai pensar em mim e no quanto nós teríamos sido felizes se você quisesse ser feliz, mas eu não vou mais estar aqui, porque você me ordenou que fosse e então eu estarei debaixo da terra, ou boiando no São Francisco.You must know, baby, you must know.

Um comentário:

Marcelo Centauro disse...

Se me permite, "Não se mate", Carlos Drummond de Andrade:

Carlos, sossegue, o amor
é isso que você está vendo:
hoje beija, amanhã não beija,
depois de amanhã é domingo
e segunda-feira ninguém sabe
o que será.

Inútil você resistir
ou mesmo suicidar-se.
Não se mate, oh não se mate,
reserve-se todo para
as bodas que ninguém sabe
quando virão
se é que virão.
O amor, Carlos, você telúrico,
a noite passou em você,
e os recalques se sublimando,
lá dentro um barulho inefável,
rezas,
vitrolas,
santos que se persignam,
anúncios do melhor sabão,
barulho que ninguém sabe
de quê, pra quê.

Entretanto você caminha
melancólico e vertical.
Você é a palmeira, você é o grito
que ninguém ouviu no teatro
e as luzes todas se apagam.
O amor no escuro, não, no claro,
é sempre triste, meu filho, Carlos,
mas não diga nada a ninguém,
ninguém sabe nem saberá.