terça-feira, 18 de novembro de 2008

sobre não passar na ufba.

43%.

Rola sim aquela frustração, aquele "porra, vai estar todo mundo lá e eu aqui, me fodendo pro cursinho".
Rola sim o "passei a vida inteira estudando pra isso e não consegui".
Rola sim o "eu sou uma fracassada".
Rola, rola muita coisa, rolam até lágrimas por vacilo.
Mas, mais que isso, que isso, rola a dor da frustração nos olhos dos meus pais, rola a tristeza escondida nos olhos do homem que eu amo, rolam os meus amigos tentando fingir que não é tão ruim assim.
Mais que isso, rola a ferida física à qual eu agradeci internamente, porque dor física leva um pouco da dor interna embora.
Não passar na Ufba não é, nem no top50, uma das piores coisas que poderia me acontecer a vida.
Eu dou muito mais valor a todo o resto, aos momentos felizes que eu tenho, aos beijos quentes que me corroem, ao amor grotesco que me devasta, eu dou mais valor à natureza, às crianças, aos micos e macacos em geral, à vida selvagem, às águas frias, aos risos, às lágrimas.Eu dou mais valor ao prazer.
Muito mais do que a uma prova e um papel me dizendo que estou apta a ingressar no meu futuro.
Eu gostava do tempo em que cada um crescia a seu tempo e que o futuro era sempre futuro.
Eu gostava do tempo em que não existia pessoas e relações "sem futuro".
Eu gostava do tempo em que se podia ser o que se queria ser.
Eu gostava do tempo das cavernas e do tempo dos brinquedos.
E a minha mente deve ter parado lá, porque eu não consigo enxergar a vida dessa forma patética e dicotômica da lista dos que estão dentro e dos que estão fora.

Não passar na ufba,pra mim,é só não passar na ufba, ponto.
Não é o fim do meu mundo, eu paro muito depois.

Nenhum comentário: