quinta-feira, 20 de fevereiro de 2025

Então tá bom então.

"E a vida é como mãe que faz o jantar e obriga os filhos a comer os vegetais pois sabe que faz bem."

Às vezes me ressinto de ter que comer os vegetais e fico amarga, e mal humorada, sem querer aprender mais nada, frustrada que a vida não seja sempre doce. Faço birra e reclamo de tudo, como se a vida não estar a meu serviço fosse uma ofensa pessoal à minha pose de rainha. Aqui tenho vertigens terríveis olhando o céu, a sensação de que posso a qualquer momento ser tragada pelo universo. Como se eu não já estivesse tragada pelo universo (risos). Não é à toa, pareço estar com medo de ser tragada pela vida (como se não existisse completamente tragada pela vida - risos). Daqui de onde escrevo, sinto medo. Finalmente consigo ver o que me esteve amargando pelos últimos meses: tem a dor, foram meses de muita dor, de um luto profundo, assustado, repentino, e ainda me sinto imersa na sensação de perda, mas tem medo. Muito medo. Medo de que seja sempre assim, acumulando perdas, com essa minha dificuldade tão grande de deixar ir, medo de que essas dores não passem nunca e eu precise seguir carregando essa mochila de raiva e pesar ladeira acima. "A saudade é uma ladeira que não se para nunca de subir". Uma vez eu ouvi que o contrário do medo é o amor e eu acreditei nisso por muito tempo. Eu costumava sentir muito amor. Pela vida, pelas pessoas, pela Terra, pela existência. Hoje penso que talvez o contrário do medo seja a fé, a confiança na vida, a entrega. Em alguma parte de mim, eu ainda tenho fé no amor. Medo e fé. No fim das contas, é mesmo de luz e sombra que se fazem os contornos da vida. Eu não faço a menor ideia de pra onde eu vou seguir agora, mas eu quero confiar, a vida tem seus caminhos. Tá bem, tá bem, Mãe, eu aceito aprender.

Nenhum comentário: