terça-feira, 18 de março de 2025
Prato (de veneno?)
Sou eu, então, o monstro. A serpente devoradora de almas de pobres homens indefesos. Podres homens indefesos. Eu, tantas vezes vendida, rendida, fiz por merecer o escárnio e o corte da adaga com que me afaguei a pele. Eu, que por escolha ou por destino, me coloquei tantas vezes, a cabeça a prêmio, lânguida e mansa, sonhando amores dos quais só tive a ponta. Eu, que tantas vezes me entreguei e me deixei cair sem realmente ver o chão da queda. Sou eu, então, o monstro. A pele gasta, já fina de tanto trocar, de tanto morrer e ter que, sozinha, me renascer. Sou eu, então, a górgona, o minotauro, o frankstein. Eu, que tantas vezes amorosa abri o peito para espadas desembainhadas. Eu, que tantas vezes me ofereci - o orgulho, a honra, a vida - em sacrifício achando que assim salvaria o amor das crueldades do masculino. Sou eu, então, que sou cruel e egoísta. Sou eu, então, o monstro sem coração.
quarta-feira, 5 de março de 2025
Em estado de Bahia.
As últimas semanas foram uma enxurrada de informações internas e externas. Eu, tão cheia de cascas estava, fui baixando a guarda e deixando que as águas das cachoeiras, e das chuvas do Carnaval, limpassem minha mente de tantos "e se". Estive recebendo mensagens de toda divindade que me acompanha.
Carnaval é ritual, é andança, é chamamento, e eu sou sempre orientada nas minhas peregrinações. Tive medo do que comecei a ouvir de dentro de mim nas últimas semanas, briguei internamente, bati pé, mas não adianta, as coisas são o que são, eu sou o que sou.
Estou feliz. A Bahia e o Carnaval renovam a minha fé na vida, a fé de que é possível sim manter a alegria, a bondade, a gentileza, o afeto, vivos. A fé de que podemos ser muito mais, mais gente, menos eus, mais nós. De que *EU* (risos) posso também. Me sinto como quem sai do culto, da missa, da gira, do sabbath: leve, limpa, acreditando em milagres, acreditando na vida.
Vou então eu também ser água, serpentear pra onde a vida me faz escorrer, descobrir no meio do caminho, me infiltrar pela terra, pelas pedras, por tudo ao redor. Vejo meu caminho até antes da curva, mas como diria aquela música da disney "lá na curva o que é que vem pra mim?".
Tô animada pra descobrir.
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