terça-feira, 6 de agosto de 2024

Às vezes sou soterrada pela falta dos sonhos que sonhei com você. Perco o ar, a casa, tudo vira chão e eu sou só afundo em pilhas e mais pilhas de móveis não comprados, brancos lençóis de cama, alvíssimos, brinquedos de filhos que não tive. Eu sou só afundo. Daí me lembro que você não era você, e eles não eram eles, vocês eram alguma coisa de mim refletida e fantasiada. Você era o meu tesão, os meus sonhos de família, a minha saudade de casa. Você era, muito antes de ser você, a minha solidão deslizando sobre minhas veias em injeções congelantes de analgésicos e ansiolíticos, passando por cima de mim. Você era a cerveja que eu não aguentava mais beber e a dor de amor que eu não aguento mais sentir. De amor? E eu lá sei o que é amor? Você sabe? Se souber, me diz: amor a gente sente ou pensa que sente? Se eu conseguir me convencer de que se acabou o meu peito, será que esses amores acabam ou será que morro eu? 

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