segunda-feira, 15 de fevereiro de 2021

Censurada

 (Es)corro em mim querendo banhar mais do que eu, respingo ao redor. Não caibo em mim - mentira, caibo sim, mas quero mais do que eu sou, quero o que está fora. Tenho desejos sem fim, de tocar, de provar, degustar cada coisa como a uma fruta madura, feito um beijo suculento, inesperado, tão sonhado... E me embriagar em cheiros, hálitos, hábitos... Tanto desejo que me pego a arranhar as pernas cansadas, tentando rasgar de mim as couraças. Desejo enlouquecer, perder cabeças - não só a minha -, desnudar o mundo numa grande orgia dos sentidos (físicos e existenciais).

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