sexta-feira, 2 de novembro de 2012
Comeu meu silêncio, minha dor de cabeça, meu medo da morte.
O amor é a não-pergunta e a não-resposta que responde. É o tempo correndo rápido, os dias imensos e curtos demais. O amor é a presença inteira, desconexa, escancarada, despudorada em cada detalhe de passado-presente-futuro. O amor é a janela nova que você se deixou colocar na parede só porque deu vontade: pode ser paisagem ou suicídio, é paisagem e suicídio. É uma variedade infinita de cheiros e de ventos varrendo a casa. O amor é. É porque é. É uma coisa meio cósmica, meio organísmica, que extrapola o conhecimento e reescreve as possibilidades de ser amor. O amor é deus para muito além de "Deus é amor". É brincar de picula à beira do precipício, quanto maior, maior o gozo. O amor também é isso que você está vendo, Carlos, "hoje beija, amanhã não beija, depois de amanhã é domingo e segunda-feira ninguém sabe o que será."
O amor é a via no extremo oposto da racionalidade, é sentir-se muito antes de pensar-se vivo, é permitir-se simplesmente ir. O amor é apesar de, é apesar de si.
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