Salvar a mim mesma como quem salva a tribo é, muito antes, honrar a vida que construí pra mim. Reconhecer que não é possível servir a mesa farta a qualquer um que chega, abrir mão (um pouco que seja) da generosidade com quem não traz nada, não por lhe faltar, mas por escolha. Fico sempre um pouco triste ao ter que endurecer, não é tão fácil preservar a ternura, mas cresço. E pra crescer a árvore cria casca. Errei e digitei casa. A árvore cria casa. Será que errei mesmo? Às vezes me sinto cansada de aprender, quero ser - eu também - afiada, aguda, rasgante, e cada um que se vire com a sua dor. Mas os cachos dos meus cabelos parecem ser feitos de jasmim e quando dou por mim, olha eu perfumando a casa de novo. É preciso aprender o dom dos cortes, podar o que apodrece pra crescer exuberante. É preciso fechar a porta, afiar as lâminas, ainda que pra não usá-las. É preciso estar atenta. E forte. E sem temer, matar o que precisa morrer.
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