Às vezes a gente finge que dá pra voltar, pra desver, pra passar por cima do insight tido. Às vezes até tentamos voltar atrás, correr de volta pro útero dos dias, onde ainda havia a chance do óvulo temporal não encontrar o espermatozóide das percepções, quando ainda era possível nos fazermos de tolos. Não posso mais, agora é tarde, Inês (ou a velha Bárbara?) é morta, minha alma clama por arte. Toda aquela busca (quem sou eu?) me trouxe até aqui, à beira desse penhasco. Essa alma que anseia tocar e ser tocada, que se alimenta de beleza e fantasia, que, mesmo sem permissão, serpenteia cantando e que faz da vida espetáculo circense não quer mais deixar o spotlight. Aquela euzinha dentro de mim já não grita mais desesperada, ela se junta a mim para abrir as cortinas. Me sinto inteira. E linda. E, enfim, encarando o abismo mais assustador: admitir que se eu não for arte, eu prefiro a morte.
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