Peguei-me aqui pensando neles, em um deles especificamente cuja voz me causou tantas sensações que hoje, um ano e meio depois, ainda recordo e cujo rosto me lembro em detalhes. Me encontrei aqui relembrando as músicas, os sorrisos, a leveza de pessoas que simplesmente sentaram-se numa praça pra cantar. Despropósito, a vida não proposital atinge espaços tão profundos quando toca o que é de verdade, porque é de verdade. Verdade é que ao longo dos anos tenho tendido a esquecer o prazer de desavisadamente ser, meço minhas palavras, parça. Meço muito mais do que as palavras, meço ir ou não ir com o peso de quem destrói um mundo se fizer a escolha errada. Logo eu, tanto já desmedida. Por hoje quero o mundo inteiro e o descompromisso, o poder que só saber que a vida é possibilidade a cada esquina dá. Eu não quero andar na linha, eu nunca quis, mas por que vira e mexe me encontro fazendo esse esforço tremendo ao invés de andar onde meus pés pisam? De tantos por que's, quando "porque eu quero/quis" deixou de ser bom o suficiente? De que nos valem tantas explicações, calculações, limitações? Que gosto tem a vida previsível, que de tanto procurar já feri minha língua? Será perda de tempo, construção de carreira, casamento estável, filhos em colégio caro, carro do ano, cobertura, café-da manhã, almoço, jantar e lanches a cada 3 horas, senhora respeitável, mãos dadas, olhar distante, peito abafado de tantas atualizações que acontecem por minuto nos sentidos, nas vontades, mas que precisam ser engolidos em prol de uma forma. DE-SE-JO. Como explicar a doçura de desejar, ter e gozar em cada escolha, dia após dia, pra quem (e essa parte de mim que) acha que devo gozar baixinho pra não acordar a vizinhança? Como falar de viver, viver de verdade, pra isso que diz que devo pensar em cada um dos meus passos, inconvenientes, fracasso, programação, teto pra dormir, sapato pra chegar? Não é possível dizer, é possível lançar-se à vida, é possível resistir. Resisto então, entregando-me.
Fugi do tema, por pura resistência (e entrega).
Obrigada aos meninos que não sei quem são, que não sabem quem sou, que possivelmente nunca mais encontrarei e cujos nomes nunca saberei, por me marcarem tanto, despropositadamente, numa tarde cantando e sorrindo sentados no chão de um bar, e só.
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