Tanto quanto o amor pode ser alavanca no lançar-se à vida, pode ser deslizamento de ribanceira, soltando despenhadeiro abaixo sonhos e esperanças de sorrisos a sós, melhores sorrisos a sós. E de repente, atirar-se de peito aberto, pode tanto trasbordar o rio de prazeres quanto "bater cabeça no fundo" ou na ponta de uma faca. O amor, como desdobramento de possibilidade, desdobra possibilidades cruéis de machucados violentos e inesperados, porque o amor é tão mais cego que o Stevie Wonder. E então, viver se torna isso, carregar esse punhado de dor e areia que descem goela abaixo como se cheirasse a flor esse buraco de nada rasgado no peito. Levanta-te e anda, diria Jesus. Mas sofreu Jesus de dor de amor? Curou Jesus uma dor de amor? Transformou em saúde a falta, os sonhos quebrados, o meio mundo de ilusões ansiando se tornarem reais? Transformou em beleza as praias nunca visitadas, as bebedeiras a dois nunca realizadas, as madrugadas intermináveis de aconchegos nos teus braços que nunca serão? E essa febre que os olhos pegam, essa dor no corpo que vem do fundo da alma, localizando sua saída bem na boca do estômago, na febre que a garganta assume também. Esse retalho que vira a alma, drenada, faminta até a última gota, esvaindo-se em desejos de amor e de carinho que jamais receberei. Você não entende nada do que eu digo, você não entende nada em mim.
"Tá legal!/É, e eu faço o quê com a nossa vida genial?/'Cê vai viver pra outra vida e eu fico aqui/Na vida que ficou em minha vida/Tão perto de mim/Tão longe de mim." - Simone Saback. (https://www.youtube.com/watch?v=CqLEcfC6yg4)
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