quinta-feira, 9 de maio de 2013
eu quero ver o invisível.
Eu tenho andado muito só. E, incrivelmente, eu tenho andado muito povoada. Povoada de mim e outras pessoas, povoada dos desejos de dar energia e vida às coisas. Pode ser que meu povoado vire cidade fantasma por mero descuido, destrambelhamento. Sou dona de mim e me aproximo e me afasto sem me perder, sem intenção de ser mais do que sou, aceitando o que há de diferente em mim, que é tão igual ao que há de diferente em todo o mundo, e que não é mais nem menos, apenas é. Sinto a vontade imensa, cada vez maior, de ser igual a todo mundo, de me misturar a todo o mundo, de ser a coisa única, perpétua, simples e real que é todo o mundo. A simplicidade que tem quem não quer ser e é porque é, não porque seria se. E aqui comigo eu quero os mil povos, todas as religiões, todas as linguagens, todas as raízes, todas em mim, em volta de mim, eu e os outros eus me religando a todos os deuses e aos humanos, me falando com outras vozes em línguas indizíveis, arraigando-me/nos. Eu ando povoada dessas tantas gentes que querem ser tudo e querem ser nada, gentes que querem ser cosmos, dança e adoração, gentes que querem ser tudo que não palavra.
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