Que quando...que quando nada, só comecei assim porque era como que você gostava que os meus textos começassem, quando você ainda vinha aqui. Eu te conheci semente, Curuminha, perdida dentro de uma casca estranha a si mesma que você havia criado pra se proteger do mundo. Vi a sua mente germinar e crescer, verde e sem fim, te vi florir, eu te vi quase morrer pelas raízes. Mal de planta que cresce pra cima e esquece de crescer pra baixo, a vida tem dessas. Dizem por aí que nós só damos valor às pessoas depois de perdê-las, mas não sou eu que sempre perco por dar valor demais? Se, de todas as pessoas, você foi a que eu acreditei que ficaria apesar de tudo, é virtualmente, enquanto chovia e algumas pessoas menos importantes (algumas tão importantes quanto) mudavam seus destinos pra me abraçar, que você me fala de uma amizade-montanha como se tudo estivesse explicado (o sumiço, o desatenção, o desamor), Curuminha? E as tantas noites, as tantas horas, as brincadeiras, os desabafos de anos de vida, os segredos cortantes, os porres de tequila e vidro? Depois de tanto, tudo se resumiu a nos pensarmos, mundos de distância, e acharmos que assim nos cultivamos? Eu já vi esse filme, Curuminha. Eu já vi você se ocupar de uma dor e esquecer que você, enquanto isso, também é capaz de provocar uma dor dilacerante. Espero, ao menos, que dessa vez você esteja se ocupando de alguma coisa mais bonita, pra minhas lágrimas valerem a pena. Não é chateação, eu não estou com raiva. Isso que eu sinto é uma mágoa tremenda, de você e de mim. Mas, mais que isso, é uma dor intensa por ter me perdido de alguém de quem eu não queria e eu não podia me perder. Por ter, de alguma forma desesperada, visto uma das minhas pedras mais preciosas se transformar em carcaça de navio naufrado. Por ter dado e perdido mais um pedaço do meu coração depredado.
"Recuperar as noites, curuminha/Que atravessei em claro/Ignorar teu choro/E só cuidar de mim".
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