quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Violão andaluz.

Hoje sinto uma vontade imensa de abraçar o mundo, e uma frustração ainda maior por não poder fazê-lo. Uma vontade, na verdade, de pôr o mundo no colo e ninar, um desespero de ser Deus (com letra maiúscula, única e onipotente) e tornar o mundo habitável, de gigantesca bondade. [...] É muito fácil se alienar dentro de si, meu amigo, eu me perco muito facilmente dentro de mim. E, como não sou de meios-termos, a Psicologia parece me deixar apenaas duas opções: abraçar o mundo com essa tentativa, que trouxe para minha vida, de acietação incondicional; ou desistir, tentar qualquer outra profissão que exija menos atitude de posicionamento, seria uma boa caixa de supermercado ou atendente de telemarketing. [...]Na sala em que estou agora um violeiro toca canções espanholas e a sensação que tenho é de que estou sendo mais uma nessa prateleira de bonecas iguais, quando poderia estar apreciando tanta coisa bonita que o mundo tem a oferecer.[...]Existem tantas músicas bonitas que eu nunca vou ouvir, tantos quadros que eu nem vou saber da existência, tantas flores que vão morrer sem que eu perceba o que querem dizer...E se existirem fadas? Nunca serei capaz de ir ao seu mundo? E passarei a vida inteira feito formiga operária, acordando todos os dias, fazendo o mesmo caminho até o banheiro, depois até o trabalho e do trabalho à minha casa para comer, dormir e fazer o mesmo no dia seguinte? E as dançarinas de tribos perdidas que jamais aplaudirei com os olhos brilhando? E as fogueiras que não admirarei sob a luz da lua? Não é a Petrolina que não pertenço, meu amigo, é a essa concepção de vida finita, de tempo que passa, de dinheiro. [...] Me diga, então, como será possível que eu continue esse caminho? Se viver e ver é tudo o que mais amo, como posso permitir que minha vida se limite e se molde às exigências das notas que pagam minha comida e meu conforto? [...] parece que já não é aqui que quero estar. Porque não é assim que meu coração quer se enterrar.
Um beijo-flor-angústia,
B.

Um comentário:

Anônimo disse...

Vez ou outra entro no seu blog e leio feliz, mas nunca tive vontade de comentar.
As palavras psicologia, fada e amigo trouxeram o texto pro meu mundo, e cada vez que leio noto uma outra que significado maior tem pra mim.
Não sei ao certo porque sinto isto agora ou com este texto, cujo tema não me preocupa por já saber exatamente o que fazer (apesar do medo do medo quando a hora próxima chegar).
Bem, nesta hora tive a ânsia de dizer tudo e só.