Daí que, sabe deus por que infernação, a tal da peruana pôs em letras redondas no quadro “A quem você ama?” e disse com aquele sotaque que até então eu estava achando tão bonitinho “mas, mais importante que isso, é responder: por que?”. Eu fiquei pensando “Sério? A essa altura do campeonato?”. Mas eu não disse nada, claro que não, àquela altura do campeonato eu tinha duas opções: responder ou não o exercício. Respondi três linhas falando da minha família, mais três falando dos meus amigos e então ele surgiu. Desenhei seu nome em caneta vermelha, como poucas vezes ousei fazer nos últimos dois anos e tanto. Mas por que diabos essa mulher tinha que sair da terra dela pra vir causar reboliços nos sentimentos de gente daqui? Não tinham corações por lá não, ô? Ok, era o nome dele desenhado, virgulado e um “porque” esperando do outro lado da vírgula. Só do outro lado da vírgula, já que na minha cabeça não circulava um motivinho sequer. Escrevi lá umas quatro ou cinco linhas de mentiras, só pra me enganar que consegui. A verdade é que não sei. Talvez porque ele tenha cravado sua bandeirinha em meu coração. Talvez por isso tenha feito tantos furos, vai ver meu chão não sustentava sua bandeira e ele teve que cravá-la à ponta afiada em vários pontos antes d’ela se fixar e dançar ao vento seus olhos estampados. Talvez pelo sabor neurótico de não conseguir, ou não querer conseguir, mais ser de outrem. Talvez porque eu seja uma dessas criaturas esquisitas que tocam a vida com o coração partido demais pra se permitir transcender e esquecer, pra tocar pra outro. Talvez isso nem seja amor, seja o brilho que restou de quando fui estrela. Ah, é bem provável que isso não seja amor, deve ser só uma lembrança que eu trouxe dos meus tempos de Lua.
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