[escrito em 12/05]
Da varanda observo as centenas de janelas acesas à minha frente. Janelas que se acendem e apagam independente do meu conhecimento sobre suas razões de ser e estar. Fico aqui saboreando esses ciclos vitais que conectam todos os seres humanos que passaram e passarão em minha existência. De repente as coisas já não acontecem meramente por acontecerem. De repente cada criatura tem um papel muito definido e inquestionável em cada espaço por onde circula. De repente, toda essa gestalt fica muito clara. Toda essa Gestalt que é a vida.
Viver é atemporal, é significação e ressignificação constantes, é pertencimento eterno. Repetição incansável também. Estamos parados no tempo, essa invenção engenhosa que nos mantém presos a essa concepção de vida passageira. As coisas não passam, as coisas ficam. De uma maneira muito diferente das pedras, mas ficam. Ficam ciclicamente. Ficam naquelas lembranças que vêm de algum lugar remoto, naquelas que você nem sabia que existiam. E se a vida for só uma dessas lembranças? E se estivermos presos no passado? Talvez de onde estejamos vendo tudo isso, já tenhamos consciência dos laços que todos esses acontecimentos formaram. Que a vida é rio passando por pedras e plantas, e terras até então desconhecidas, passamos e deixamos para trás para reencontrar uns grãos de passado-presente-futuro. E nós vamos minguando, deixando nossas gotículas por cada espaço onde passamos, até o fim. O fim que não é fim, já que as nossas gotículas continuam perdidas em encontramentos rio adentro. Viver é atemporal, a vida é um rio, em movimento no mesmo espaço-fluido.
[esse texto nunca vai chegar aonde chegou a minha epifania, mas é nessa trilha, mesmo que tudo isso pareçam idéias soltas e não sejam. o titulo foi porque eu comecei com a intenção de escrever sobre uma coisa e acabei mudando completamente de rumo, não quis trocar por pura teimosia, e pelo lembrete.]
PS: Não reli ainda, só vou reler depois de postar. texto cru, entendam.]
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