quinta-feira, 28 de abril de 2011

Elephant gun.

Shot. Hit me again.

Shot. Hit me again.

Shot. Hit me one more time.

Shot. Once again.

Shot. Shot. Shot.

Daí você dança e rodopia e se esbalda e cai e rola. Daí você grita e brinca e ri e canta. Daí você vive e esquece e os espinhos não doem. E as pessoas acham que você está radiante e linda e divertida. Na verdade, você está ali entregue, é toda a sua fraqueza que está dançando, não você. Não é você que ri ou canta, é aquela tristeza mais escrota, mais profunda, aquela que você não assume nem pra si, mas que dói todo dia, incansável, no canto esquerdo do seu estômago. E ela sapateia sobre o seu corpo e ri da sua impotência. E ela te leva a uns braços, pronta pra te jogar e, o que só o mínimo da consciência que restou a impede de fazer, implorar ou matar. E como ela sorri todo mundo acha que você bebe pra ser feliz, mesmo que você beba pra morrer.


[texto escrito um dia depois da Calourosa]

Um comentário:

Tainah disse...

Bárbara, te achei sem querer... mas que bom que achei. :)

Adorei te ler, escreves muito bem, me fez bem!

Muito obrigada.