quinta-feira, 13 de maio de 2010
Coelho.
Café numa canequinha de três centímetros, seis cigarros, nenhum amigo, vinte carreirinhas, pó de corações partidos, ventilador, erva, coca-cola, três ou quatro pares de meias (todos sujos), perfumes, batons, nenhum amigo, uma tv sempre desligada, fotos de outrém não significam nada pra mim, estrelas cor de rosa, o ventilador de novo, e de novo, e de novo, nenhum amigo, o telefone não toca, a campainha não toca, a música não toca. Relógios, muitos relógios, todos atrasados.
quarta-feira, 12 de maio de 2010
Hoje não, por favor.
Estava aqui pensando no que ia escrever aqui, pensando em amor, de repente, saiu pra um amigo meu no Facebook, naquele mesmo aplicativo o seguinte trecho de Caio Fernando.
"Ah, fumarás demais, beberás em excesso, aborrecerás todos os amigos com tuas histórias desesperadas, noites e noites a fio permanecerás insone, a fantasia desenfreada e o sexo em brasa, dormirás dias adentro, noites afora, faltarás ao trabalho, escreverás... cartas que não serão nunca enviadas, consultarás búzios, números, cartas e astros, pensarás em fugas e suicídios em cada minuto de cada novo dia, chorarás desamparado atravessando madrugadas em tua cama vazia, não consegurás sorrir nem caminhar alheio pelas ruas sem descobrires em algum jeito alheio o jeito exato dele, em algum cheiro estranho o cheiro preciso dele..."
Eu não sei se vou parecer, mais uma vez, excessiva e idiota, mas vamos lá.
Você já amou alguém tanto, tanto que o tempo parece não existir e cada palavra parece um novo encantamento daqueles de início de namoro quando tudo são flores, amores e blábláblás? Você já amou alguém tanto, tanto que poderia correr por horas a fio se canalizasse esse amor para as pernas? Você já amou alguém tanto, tanto que o seu colchão ortopédico parece duro demais e o friozinho do seu travesseiro de penas de ganso congela os seus dedos? Você já doeu de saudade varrendo a casa e lembrando das broncas de sujeiras embaixo do tapete? E já se desesperou pensando no que vai acontecer quando acabarem as bobagens pra encher a cabeça e você tiver que sentir essa falta de novo? Você já foi fiel a um sentimento ao ponto de perceber, anos depois, que nunca mais conseguiu se imaginar na cama com alguém já que esse alguém nunca mais seria ele(a)? Você já quis sair andando e nunca parar? Talvez, e só talvez, você fosse parar onde gostaria de estar. E talvez você devesse estar onde gostaria de estar, porque amanhã...amanhã nunca se sabe. Amanhã pode não existir mais o seu lugar. Ou o caminho até ele pode ter se perdido. Daí pra onde você vai? Daí...pra onde eu vou? Ai, faz o que você quiser, mas hoje, por favor, só hoje, não me deixa dormir com esse vazio borbulhando no peito.
"Ah, fumarás demais, beberás em excesso, aborrecerás todos os amigos com tuas histórias desesperadas, noites e noites a fio permanecerás insone, a fantasia desenfreada e o sexo em brasa, dormirás dias adentro, noites afora, faltarás ao trabalho, escreverás... cartas que não serão nunca enviadas, consultarás búzios, números, cartas e astros, pensarás em fugas e suicídios em cada minuto de cada novo dia, chorarás desamparado atravessando madrugadas em tua cama vazia, não consegurás sorrir nem caminhar alheio pelas ruas sem descobrires em algum jeito alheio o jeito exato dele, em algum cheiro estranho o cheiro preciso dele..."
Eu não sei se vou parecer, mais uma vez, excessiva e idiota, mas vamos lá.
Você já amou alguém tanto, tanto que o tempo parece não existir e cada palavra parece um novo encantamento daqueles de início de namoro quando tudo são flores, amores e blábláblás? Você já amou alguém tanto, tanto que poderia correr por horas a fio se canalizasse esse amor para as pernas? Você já amou alguém tanto, tanto que o seu colchão ortopédico parece duro demais e o friozinho do seu travesseiro de penas de ganso congela os seus dedos? Você já doeu de saudade varrendo a casa e lembrando das broncas de sujeiras embaixo do tapete? E já se desesperou pensando no que vai acontecer quando acabarem as bobagens pra encher a cabeça e você tiver que sentir essa falta de novo? Você já foi fiel a um sentimento ao ponto de perceber, anos depois, que nunca mais conseguiu se imaginar na cama com alguém já que esse alguém nunca mais seria ele(a)? Você já quis sair andando e nunca parar? Talvez, e só talvez, você fosse parar onde gostaria de estar. E talvez você devesse estar onde gostaria de estar, porque amanhã...amanhã nunca se sabe. Amanhã pode não existir mais o seu lugar. Ou o caminho até ele pode ter se perdido. Daí pra onde você vai? Daí...pra onde eu vou? Ai, faz o que você quiser, mas hoje, por favor, só hoje, não me deixa dormir com esse vazio borbulhando no peito.
sábado, 8 de maio de 2010
But I'm just a soul whose intencions are good.
"Por que você parou de escrever?" - me perguntaram.
Haveria muita coisa a dizer se em mim não fosse puro vácuo emocional. Vivo aqui, rasa e prematura, encubada em convicções que já não me dizem nada. Tudo é puramente relativo e eu já não bato o pé por coisa alguma; tanto faz. Meio medíocre, meio fraca. A única coisa certa aqui é a saudade, florescendo em todos os cantos do quarto, da sala, em cada esquina e sorriso - saudade daquelas explosões de amor e ódio, depois amor amor amor, sem vírgulas. E tudo o que eu faço é pra amenizar essa dor meio absurda, meio surreal, e fujo às pressas para as cores da colina. Cores, sonhos em quedas, o mundo dissolve e estoura o meu corpo, mas de que outra forma tão pouco de tudo seria suportável? O pouco pesa, magoa e divide-se/me em mil pedaços acumulados em livros, músicas e no girar calmo e tranquilizador do ventilador. O pouco criou toda uma parafernália de sentimentos lisos e abraços soltos em meu corpo. O pouco criou os apertos, o tesão, o "fica comigo esta noite e não te arrependerás". O pouco cria a cada dia mais poucos em mim, e de poucos em poucos me faço aqui em pouco bem estar - que já é melhor que a morte de antes. Mas não se engane, o pouco junto nunca, nunca, se torna muito. O pouco junto se torna menos ainda. E nesse trapézio de sempre, de desde a infância, se eu cair, não há rede pra me amparar. Mas eu sou a queda, lembra?
Haveria muita coisa a dizer se em mim não fosse puro vácuo emocional. Vivo aqui, rasa e prematura, encubada em convicções que já não me dizem nada. Tudo é puramente relativo e eu já não bato o pé por coisa alguma; tanto faz. Meio medíocre, meio fraca. A única coisa certa aqui é a saudade, florescendo em todos os cantos do quarto, da sala, em cada esquina e sorriso - saudade daquelas explosões de amor e ódio, depois amor amor amor, sem vírgulas. E tudo o que eu faço é pra amenizar essa dor meio absurda, meio surreal, e fujo às pressas para as cores da colina. Cores, sonhos em quedas, o mundo dissolve e estoura o meu corpo, mas de que outra forma tão pouco de tudo seria suportável? O pouco pesa, magoa e divide-se/me em mil pedaços acumulados em livros, músicas e no girar calmo e tranquilizador do ventilador. O pouco criou toda uma parafernália de sentimentos lisos e abraços soltos em meu corpo. O pouco criou os apertos, o tesão, o "fica comigo esta noite e não te arrependerás". O pouco cria a cada dia mais poucos em mim, e de poucos em poucos me faço aqui em pouco bem estar - que já é melhor que a morte de antes. Mas não se engane, o pouco junto nunca, nunca, se torna muito. O pouco junto se torna menos ainda. E nesse trapézio de sempre, de desde a infância, se eu cair, não há rede pra me amparar. Mas eu sou a queda, lembra?
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